E a Sonia Barbosa Reese acaba de me mandar este artigo (veja baixo), sobre o fim da PDI. E porque isso é importante para nós? Porque tivemos o gostinho de participar um pouco disso, porque a PDI era uma lembrança de uma era que ficou para trás, como recentemente ficou a R&H. Como láaaaaaaa atrás ficaram Bob Abel e até, a Globograph. Até então, nossa amiga e minha ex-chefa Lucia Modesto ainda estava trabalhando na PDI.
Para a galera mais nova entender, em uma época em que NADA existia para vender em CGI, software ou hardware, muito simplificadamente, o José Dias foi aos EUA e contratou “uns carinhas” para juntos desenvolverem um sistema capaz de fazer as imagens que tão bem combinavam com o design do Hans Donner. Incríveis imagens em computação em 3D, muito metal, muito brilho, muito a cara do design da TV, vanguarda mesmo. Os carinhas eram os fundadores da Pacific Data Images, o Carl Rosendahl, Richard Chuang e o Glenn Entis. O pioneirismo da TV Globo a fez ser o primeiro cliente da PDI, em um contrato que incluía a transferência de tecnologia e software. Eu mesmo, cheguei a meter a mão para trabalhar em arquivos e animações baseados em originais do Glenn Entis. Soninha e os outros mexeram muito mais. A então Globo Computação Gráfica era quase toda baseada nos softwares desenvolvidos pela PDI, rodando em DEC VAX 11-780 e em Ridge32’s. Junta tudo e dá muito menos do que um iPhone de hoje.
Ficavam as máquinas trancadas com senha em uma sala super refrigerada, ligadas em frame buffers DeAnza e Raster Tech (coisa de US$ 65K cada um lá), um ambiente futurista e de fato, estávamos todos nós trabalhando com o que de mais avançado e caro existia no mundo! Estávamos no topo do mundo, trabalhando com uma equipe sensacional e fazendo um trabalho fora de série. Ô saudade, ô tempo bom. E sem o Facebook para atrapalhar, tínhamos todo o tempo do mundo para nos dedicarmos ao estudo de CGI.
E a PDI durou tanto tempo porque o seu trabalho era excepcional, muito bom tecnicamente, comercialmente e artisticamente. A PDI não tinha pontos fracos e mesmo ela, que achávamos ser uma rocha, taí.. quebrou frente aos novos tempos. Daquele tempo, acredito que só tenha restado a Pixar, agora Disney.
O mundo mudou, a CGI também. Hoje se faz mais com muito menos. É possível dividir o trabalho, o conhecimento é muito espalhado e não é mais tão necessário ter tanta gente e tanto conhecimento concentrado em um só lugar. Tudo vai ficar bem, diferente, mas espero que bem.
http://www.eric3d.com/blog/pdi-1980-2015
Mário Barreto
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