O momento atual me lembra quando os carros começaram a trocar o carburador pela injeção eletrônica. Todo carro injetado, tinha o .i no final do nome do modelo. Monza I, Fusca I, Kombi I, Lambretta I…. tinha que ter o I no final, para deixar claro que o carro contava com a última tecnologia, a injeção.
Na verdade, um sistema de injeção é mais simples e mais barato de produzir do que um bom carburador. E existiam sistemas de injeção desde o final dos anos de 1930. De fato, Herbert Akroyd Stuart fez um motor com injeção funcionar em 1891, ou seja, não era nenhuma novidade. A diferença é que finalmente tornou-se possível fabricar e montar nos carros de qualquer preço, um sistema simples, robusto e, principalmente, barato.
Esta é a verdade, mas quem liga para isso? O que importa, sempre, é a percepção. Sendo assim, para serem percebidos como modernos, tinham que ter o I no final do nome. Hoje não tem mais, não é mais um diferencial. Todos os carros são injetados, então não existe mais a necessidade de ficar repetindo isso.
O mesmo ocorrerá com a IA.
Desde o início da computação, a busca sempre foi esta, a do computador sabe tudo. Em 2001 uma Odisséia no Espaço, co-escrito por Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke, o HAL 9000, computador de bordo, já demonstrava tudo o que hoje se chama, como se fosse novidade, de IA. É um filme de 1968, ou seja, tem mais de meio século (56 anos). É uma idéia, um conceito, velhos, conhecidos, previstos, não tem nada de novidade.
E porque demorou tanto para aparecer? Porque faltava potência barata aos computadores. Potência de cálculo, potência de comunicação, de transmissão de dados. Hoje, temos esta velocidade em tudo. Pouca gente sabe, mas quando você faz uma consulta para a Siri, este processamento não é realizado no iPhone… Ela é enviada para os computadores no centro de computação da Apple na Carolina do Norte, lá ela é processada, lá a resposta é calculada e devolvida ao seu aparelho. Tudo isso hoje em dia em uma fração de segundo, capaz de tornar a comunicação viável. O nosso cérebro tem um tempo de processamento, e quando a resposta, seja ela visual, sonora, dentro de um tempo mínimo (quem trabalha com UX sabe que tempo é este), a comunicação fica engajada. Neste tempo mínimo de tempo, dá tempo para fazer tudo isso, nosso cérebro, eletrônicamente falando, é lento para o clocks e potências de cálculo e transmissão de dados de hoje em dia.
Dito isto, ABSOLUTAMENTE TUDO que se faz hoje em dia com um computador e smartphone, é ou será em breve, realizado com a utilização de programas que usam esta velocidade de consulta e interação de dados que estão todos aí chamando de IA. Bobamente, como estavam os motoristas de anos atrás, foram bombardeados com os carros .I que não existem mais, agora são os .E de elétricos. E os programas gritando que usam IA.
Grandes coisa, daqui para frente tudo é IA. Muito em breve, isso vai sumir das manchetes.
O mundo tem que parar de ficar repetindo esta bobagem e já imediatamente usar estas capacidades dos computadores, que chegou para ficar e evoluir, e fazer um mundo melhor, mais bem escrito, mais bem projetado, mais bem desenhado, melhor em tudo. Este é o grande avanço que o mundo ganhou.
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