Nasci publicitário. Quando nasci Mamãe trabalhava na Grant Publicidade. A imensa maioria nunca ouviu falar, ignorância, a Grant foi grande: http://www.janelapedia.com.br/index.php/Grant
Foi a Grant também que me sustentou (hehe, meu dinheiro vinha de Mamãe) até eu começar a trabalhar. E, sem nenhuma surpresa, comecei a trabalhar em propaganda. Meu primeiro emprego em agência foi na Artplan, para onde fui ocupar o lugar do Eduardo Martins no estúdio. Já éramos amigos. Godim foi para a CBBA em sua primeira posição como DA, e me deixou gramando no estúdio da Artplan.
Nesta época, final dos anos de 1970, a publicidade era uma profissão de Gentlemans, e tinha exigências muito diferentes das de hoje em dia. Para ser Diretor de Arte, por exemplo, era necessário saber desenhar. Admitia-se que os DA’s não fossem ilustradores, até porque os ilustradores da agência eram Valter Maia e Benício, mas todos eram. E, para ganhar dinheiro como Redator, era necessário saber escrever bem um texto criativo/técnico publicitário. E tinha que sair de dentro da cabeça, pois ainda não tinha sido inventado o microcomputador. Toda a criação saía em layouts marcados com Stabilo e em textos digitados em máquinas de escrever. Sem nenhum computador, sem Google, sem pesquisas de imagem… saía da cabeça e da consulta de revistas e anuários. Também não existia o videocassete VHS. Incrível não é?
Não lembro se já existiam cursos de publicidade nas faculdades, mas isso não importava. A maioria dos profissionais na agência, na criação contava com o talento e vocação para a função. O publicitário é (era) um tipo diferente de profissional… uma pessoa observadora, sensível, capaz de entender, decifrar e codificar o mundo em formatos especiais (30 segundos de um comercial ou as páginas de uma revista). Eram todos artistas, raros, de difícil formação e talvez por isso eram disputados a tapa, não faltavam empregos e bons salários.
A criação era uma elite. Ganhavam bem, vestiam-se bem, tinham coisas caras, moravam bem, era uma elite.
Semana passada eu conversava com o Godim sobre a muito badalada previsão do Sr. Samuel Harris Altman – https://www.marketingaiinstitute.com/blog/sam-altman-ai-agi-marketing
Pois é, lemos e não duvidamos. Tanto fizeram para afastar a atividade do Publicitário da Arte, da Genialidade, do Talento, que agora serão todos substituídos por uma I.A. Parabéns.
Washington Olivetto vem reclamando da desvalorização do Publicitário desde os anos 90 do século passado, mas as coisas aceleraram muito nos últimos anos. O mundo mudou, as agências foram vendidas, os clientes foram vendidos. Hoje estão no controle não mais Fundadores, Inventores e Publicitários mas sim empresários e investidores. Muitos não entendem nada de publicidade e esta coisa de valorização de Publicitários só dá despesa. Praticamente todos os Grandes Publicitários do mundo não estão mais trabalhando em publicidade. A maioria está rica, contando metal, mas sem trabalhar em publicidade. Ultimamente também a onda Woke, que chegou com tudo. Onde a diversidade é mais importante do que tudo. O indivíduo pode nem ser o talentoso e bom Publicitário com o talento necessário, mas tem a diversidade necessária para a equipe.
Disse o Godim: “As agências caíram na besteira de virarem tecnológicas abraçando Google, Facebook, Instagram, Tiktok etc… Fizeram um tremendo esforço para transformar humanas em exatas. E agora, tecnologia por tecnologia, a I.A. faz.”
Eu não poderia concordar mais. As agências, cada vez mais iguais, cada vez mais dirigidas por pessoas que não são publicitárias, cada vez mais sem lideranças, cada vez mais wokadas, sem arte, sem brilho, com profissionais mal pagos (comparando com os salários do passado recente), caminham para virar um programa de computador.
Sem choro nem vela, ainda vão aplaudir, I.A. é o futuro!
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