Vou aqui, de folião, continuar com os meus textinhos sobre a sequência de equipamentos e softwares que tenho usado em minha carreira na CGI. Tenho tido um bom feedback sobre isso, bacana.
Desta vez vou falar sobre o QFX, criado pelo texano Ron Scott em 1990. Tive o prazer de conhecer pessoalmente e conversar com ele em uma Siggraph, o cara foi super gente boa.
Conheçam-o em http://www.ronscott.com/biography.html
O QFX inicialmente era um conjunto de programas que rodavam em linhas de comando DOS, que manipulavam imagens para as placas TARGA e VISTA. TRI, TSI, Blur, Sharp, TMI… eram vários executáveis que escreviam imagens no framebuffer TARGA e as manipulavam de diversas maneiras através de flags e comandos digitáveis.
Neste ponto pude misturar o que aprendi no Cubicomp e no Script, porque fui capaz de modificar o Sequencer do Cubicomp, fazendo-o gerar arquivos .BAT no DOS com uma sequencia de operações frame a frame. Lembrem-se que ainda não tinha sido inventado um Photoshop decente, nem o mercado de edição e composição digital.
Mas nós na Intervalo já fazíamos composições complexas, somando e filtrando imagens frame a frame automaticamente controladas pelos arquivos batch em DOS. O Sequencer era capaz também de interpolar valores e setar steps de intervalos de frames. Os arquivos batch resultantes eram muito sofisticados.
Nesta época, início dos anos 90, abri com a Carla Sprinz uma produtora em SP, a Pickings, e fiz um workshop com uma galera lá. No exemplo/aula que usei para o workshop tive a oportunidade de mostrar como usar o QFX e eles ficaram loucos com isso, pois não tinham idéia de que era possível fazer composição de imagens, abrindo um novo mundo de possibilidades.
Mas não passei para eles o meu exclusivo Sequencer modificado. Eles dois juntos eram uma uma arma secreta e nos dava um bom diferencial. Tenho ele guardado aqui até hoje, é um talismã.
Usamos muito ele e na época pegamos um contrato com a TV Globo para fazer o resultado do TC Bamerindus. O resultado nos era passado no sábado e tínhamos que fazer o filme de animação no sábado mesmo, pois iria ao ar no domingo. O primeiro deles eu fiz usando um batch que perguntava o resultado e ficava sozinho gerando os frames ao modo do Script, e depois ainda editava sozinho na fita Betacam, também frame a frame. O processo todo levava umas 2 horas. Depois a animação mudou e o Alexandre Sadcovitz fez um programa mais sofisticado usando QuickBasic PRO, mas ainda invocando os executáveis do QFX. Também levava 2 horas, mas era mais sofisticado no gerenciamento das mídias e no tratamento de falhas.
Depois disso os outros softwares foram se sofisticando, o Windows entrou em cena e o QFX foi se tornando rapidamente irrelevante e incompleto. Bom foram os primeiros, que usamos intensivamente.
Abraços e bom carnaval.
Mário Barreto
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