Continuando de onde parei, do Cubicomp, vou escrever sobre o TCP e o Lumena, os dois Paint Systems que vinham com ele e eram necessários para fazer backgrounds, texturas, enfim, manipular imagens digitalmente.
Logo depois a Quantel lançou o Paintbox, que dominou o mercado de Digital Paint para o broadcast e foi a base de onde depois nasceram todos os outros softwares da Quantel que estão aí até hoje. Ser “paintboxer” era uma posição de prestígio para a qual se pagava muito bem. Não tem muito tempo aprendi a usar o Pablo e eQ, e finalmente me senti um paintboxer!
Uma amiga comentou “pra que ficar lembrando o passado? O negócio é a inovação!” Concordo que a inovação é importante, mas também acho tudo o que está aí a disposição dos inovadores tem uma história e representam um conhecimento que pode ser muito útil. Como disse Isaac Newton “Vi mais longe porque estava apoiado no ombro de gigantes”. Alguém tem que olhar para trás né?
De cara, o que do passado mais me ajuda no trabalho de hoje, é a minha cabeça de gerenciamento de recursos. Eles eram escassos, tinham que ser usados com muita parcimônia. Usar os recursos hoje como se eles continuassem a ser raros, tem me ajudado bastante, pois meus equipamentos estão sempre sendo “economizados” e rendem muito mais.
Vejam por exemplo o que o Lumena exigia… 256 a 512K de RAM e um mínimo de dois disquetes de 5 1/4. Nem HD era necessário, embora eu tivesse a minha disposição estonteantes 20 Mb de HD para trabalhar. Um luxo. Bill Gates chegou a dizer que “640k de RAM é tudo o que os usuários vão precisar na vida”.
O Lumena que usei tinha o diferencial de trabalhar no modo “Map Color”, embora também pudesse em versões mais novas, trabalhar em bitmap high color e full color. E o que significa isso?
Significa que cada pixel na tela de 512 x 481 recebia não uma cor, mas um índice. E este índice era associado a uma cor. Sendo assim, ao manipular os índices, as cores mudavam na tela em tempo real. Geralmente em mapas de 256 cores. Isso na mão de um designer criativo e bom como o Toni Cid dava margem para manipulações incríveis e animações em tempo real, em uma época em que nada era tempo real nos computadores. Toni fez aberturas de novelas brincando com isso.
Mas não usando o Lumena e sim usando o sistema de pintura que a TV Globo desenvolveu para o computador Cromenco, que era nesta mesma linha, muito parecido até na interface.
O True Color Paint, TCP, foi desenvolvido pela Island Graphics e era igualzinho ao TIPS (Truevision Image Paint System) que vinha junto com as placas frame buffer TARGA (Truevision Advanced Rsater Graphics Adaptor). As placas TARGA dominaram este mercado entry level e depois falaremos dela.
O TCP era um paint bitmap fácil de usar, com seus comandos na tela RGB, com um menu flutuante. Bem limitado em suas ferramentas, mas todos sabiam usá-lo. Tenho um TIPS operacional que funciona até hoje, basta ligar. Era rápido e eficiente mas sem nenhuma sofisticação. Longe, muito longe de um Photoshop de hoje.
Para controlar ambos usávamos tablets Summagraphics com fio, que precisavam ser conectados aos PC’s através de portas seriais que eram um inferno de configurar os IRQ’s usando jumpers nas placas. Disso eu não tenho a menor saudade.
Logo as vantagens do modo Map Color foram ultrapassadas pelo avanço do hardware e software, e o único representante que ficou no mercado por mais tempo foi o Autodesk Animator, que era uma outra porcaria (minha opinião)
Tudo isso rodando em DOS, pois o Windows ainda não tinha nascido.
No próximo post vou lembrar o Script, o incrível sistema que a TV Globo desenvolveu com a PDI e que era o máximo naquela época.
Abraços
Mário Barreto
Sobre o Autor