Ontem, 3 de maio de 2024, finalmente apresentei minha Dissertação de Mestrado e obtive a aprovação da Banca. E, após um processo que revelou-se mais difícil do que eu imaginava, tornei-me Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Eu inicialmente pensei que seria moleza, mas as aulas obrigatórias, o processo de pesquisa, o fato de eu ter completado a primeira parte do mestrado cuidando de Mamãe enferma, tudo somado, tornaram esta conquista trabalhosa. Melhor, o gostinho fica mais legal no final.
Dissertei sobre um assunto que vivi, Design e Computação Gráfica para Televisão, um tema academicamente com poucos trabalhos e o meu excesso de assunto foi também difícil de focar. Meu anteprojeto apresentado no início de tudo para a PUC tratava da “CGI na Via Láctea” e com a ajuda da minha então orientadora Professora Rejane Spitz, que me ensinou o que é uma pesquisa de mestrado, foi recortado até o seu formato final. Infelizmente a professora não pode permanecer até o fim e assumiu-me a Professora Roberta Portas, que brilhantemente também orientou-me na formatação e estruturação da dissertação. Deu trabalho.
Uma pena mamãe não ter resistido até o fim, seria mais uma alegria para ela que tanto se esforçou para que seus filhos estudassem muito. Taí, seus dois filhos são mestres e Maria Inês com dupla graduação.
Em minha primeira lista de agradecimentos eu agradeço minhas orientadoras, a PUC-Rio e o CNPq, a Banca de Exame, composta pelos Professores Gabriel Cruz e Luíza Novaes, a TV Globo, José Dias, Hans Donner e Luiz Velho, a todos os companheiros que responderam meu questionário de pesquisa.
Em minha segunda lista, que apresentei na defesa, agradeço também aos meus amigos Sonia Reese, Mário Nakamura, Adolfo Rosenthal, Maria José Rodrigues e Arcanjo Magaldi por todo apoio, paciência e compreensão. Aos meus pais (in memoriam), pela educação, atenção e carinho de todas as horas. As minhas filhas Júlia e Joana e minha irmã Maria Inês por todo apoio, carinho e amor. A Chris Carvalho, minha namorada. Aos meus colegas da PUC-Rio.
A todos os professores e funcionários do Departamento, especialmente ao Romário, pelos ensinamentos e pela ajuda. A todos os amigos e familiares que de uma forma ou de outra me estimularam ou me ajudaram.
Agora que acabou, posso dizer que foi uma jornada legal e que espero ter contribuído para a ciência e para a CGI brasileira com mais este trabalho, que se soma aos trabalhos sobre o mesmo tema que concluí em minha graduação e licenciatura em História. Espero ter forças e paciência para um Doutorado, e inspiração para criar uma Tese que mereça este trabalhão que vai dar.
No final, sempre vale a pena. Como diria o filósofo, se fosse fácil, não seria difícil. Amém.
Dirigidos por Aline Miranda, realizamos 5 filmes para o Atelier Schiper. Esta joalheria irá completar 25 anos e para o próximo dia das mães criou uma jóia linda, chamada de Bate Coração. Em uma ação incrível, combinou com a Dra. Rosa Célia, fundadora do Pró-Criança Cardíaca, que 10% do valor das vendas desta jóia, serão destinados para esta ONG. Incrível não é?
Obrigado Aline pela oportunidade, parabéns Aline Schiper e Alessandra Schiper pela beleza da jóia e da ação em benefício do coração das crianças!
Confira um dos filmes clicando em https://www.instagram.com/p/C6bUZdMuNFC/
Para aqueles que apontam que sou um crítico incessante e apenas posto reclamações, permitam-me discordar… de tempos em tempos, compartilho um trabalho meu, como podem conferir clicando aqui.
Entretanto, a crítica é algo que não consigo evitar. Vamos lá, com um pouco de contexto… Em 2010, eu era sócio de Marcio Nunes na Bitix, uma empresa de tecnologia focada no desenvolvimento de aplicativos para smartphones. Minha função era estabelecer parcerias com agências de publicidade e oferecer nossa expertise na área. Tentamos argumentar que, “no futuro”, as pessoas acessariam mais a internet por meio de smartphones do que por computadores. Surpreendentemente, os criativos, profissionais de mídia e planejamento não acreditaram. Em 2010. Insistimos que as campanhas precisariam de um complemento: um aplicativo integrado às ações de comunicação para serem completas. Sem sucesso. Eles simplesmente não conseguiam visualizar. Meu projeto fracassou.
Muitos anos antes, na abertura da internet pública no Brasil, eu e meus sócios Thomas Wilson e Robson Ribeiro fundamos um dos primeiros provedores de internet privada do país, utilizando a infraestrutura da Embratel. Rapidamente, desenvolvemos websites para nossos negócios, mas as agências também foram resistentes, levando um bom tempo para entender o que era a internet. Houve até um episódio em que uma agência reclamou porque a produtora utilizou a internet. Era um cliente em São Paulo, e eu criei um hotsite, secretamente, para apresentar o trabalho que estávamos desenvolvendo juntos. A agência ficou furiosa, pois não sabia como usar, não tinha acesso à internet.
Lembro-me do primeiro microcomputador ao qual tive acesso, um modesto TK82C com apenas 4K de memória. Fiquei desapontado ao descobrir que a máquina não sabia nada e que eu precisava digitar dezenas de linhas de código para fazê-la funcionar. Para alguém que viu “2001: Uma Odisseia no Espaço” e conheceu o HAL 9000 (Heuristically Programmed Algorithmic Computer), foi uma grande decepção.
As coisas demoraram a melhorar, pois a promessa do “sabe tudo” não foi cumprida. A primeira tentativa nesse sentido foram as enciclopédias em CD-ROM, onde, em 640MB, toda a informação do mundo deveria caber. Por exemplo, a Microsoft Encarta. Os computadores, que não estavam interconectados, não sabiam nada. No máximo, tinham acesso aos 640MB do CD-ROM.
Então veio a internet, os computadores começaram a se conectar, mas no início faltavam servidores, informações digitalizadas e uma comunicação ágil entre eles, agora terminais, as fontes de informações, que são os servidores. No início, nos conectávamos com modems analógicos de baixa velocidade.
Foram necessários mais 20 anos até que as redes de intercomunicação entre os computadores ficassem suficientemente rápidas para que o tempo de resposta fosse aceitável. Vocês sabiam que todo o processamento da Siri, por exemplo, não é feito no iPhone ou Mac? Sua voz é transmitida para um servidor da Apple na Carolina do Norte, onde é decodificada, a Siri encontra a resposta e a envia de volta. Tudo isso em um tempo mínimo. Isso é a latência aceitável. Vejam a importância da latência… Para cada 100 ms de latência, o Google estimou uma queda de aproximadamente 0,20% no tráfego de pesquisa, e a Akamai mostrou uma queda de 7% nas taxas de conversão. No Walmart.com e Staples.com, cada 1 segundo de melhoria no tempo de carregamento equivale a um aumento de 2% e 10% nas taxas de conversão, respectivamente. Não é à toa que minimizar a latência na internet é uma indústria multibilionária.
Estamos agora em 2024, onde temos uma comunicação rápida o suficiente e servidores com informações suficientes para finalmente, após 50 anos da invenção do Altair e 56 anos da estreia de “2001: Uma Odisseia no Espaço”, termos um computador que finalmente cumpre sua promessa de ajudar a humanidade, permitindo uma interação natural, sem exigir conhecimentos avançados de computação.
Para mim, IA é simplesmente isso: a realização da promessa da computação. Aquilo que o computador deveria ter sido desde o início, mas não conseguiu por limitações técnicas. É muito, mas para mim, é só isso.
Com todo esse histórico, olho com desconfiança para os supostos especialistas em IA, os “domadores” de IA, os mestres dos prompts de IA. Na boa, são os mesmos que não entenderam a internet nos anos 90, os mesmos que não entenderam os smartphones em 2010. Pessoas que mal sabem usar um iPhone e chamam qualquer calculadora que some 1 + 1 de IA. Sou pretensioso? Sou.
Minha experiência me mostrou que as agências frequentemente se apresentam como tecnológicas e inovadoras, mas, na realidade, são compostas em sua maioria por pessoas que mal sabem configurar um iPhone e que precisam de ajuda técnica até para ligar uma impressora na tomada. Agora, querem se tornar especialistas em IA.
Para mim, toda a computação daqui para frente será baseada naquilo que estão chamando de IA. Absolutamente tudo o que faremos em um computador terá a participação dele e da chamada IA. Meu programa de email, Spark, oferece IA para escrever emails. O navegador oferece IA para pesquisas mais precisas. O Photoshop oferece IA para retoques mais simples. O iFood usa IA para otimizar os pedidos. Tudo. Acho toda essa empolgação com IA uma bobagem. Vai desaparecer em breve. A IA já está incorporada em tudo, e o trabalho continuará o mesmo, com a assistência do computador. Com ou sem a assistência do computador (IA), quem é incompetente continuará incompetente.
Conversando com minha orientadora de mestrado, lembrei-me de quando comecei na arte. Para fazer um degradê, eu precisava usar um aerógrafo, tomar cuidado com os respingos, preparar as cores com Ecoline e aerografar habilmente em uma folha de papel schoeller. Usar máscaras, Letraset, e todo o resto. Com o advento dos computadores, tornou-se uma questão de segundos e dois cliques. Mas então descobri que o trabalho mais importante não é fazer o degradê, mas sim criar mentalmente a imagem para sua posterior execução.
Me digam… como seria o prompt de IA de alguém que não tem nada na cabeça? Que não sabe imaginar, pensar, escolher? Dito isso, chegamos à conclusão de que os fundamentos do trabalho continuam os mesmos, apenas os computadores, aproveitando a disponibilidade de dados e a interconexão de baixa latência, são capazes de fazer o que sempre deveriam ter feito, mas não conseguiam.
Lembram-se dos carros que tinham uma placa atrás dizendo “Automático”? Pois é, nenhum carro de luxo tem mais essas placas, pois já se sabe que todos são automáticos. Toda essa conversa sobre IA em tudo logo chegará ao fim, porque tudo será IA. Tudo já é IA.
A esperança é que a humanidade utilize essa nova ferramenta para elevar o nível de seus trabalhos, pensamentos e eficiência. Uma esperança um tanto frágil, já que estamos vendo a maioria usar todos esses avanços para assistir vídeos e fazer dancinhas no TikTok, com IA.
Amém.
Dirigidos por Adolfo Rosenthal, a Imagina participou da produção inicial de 65 filmes para a Plataforma Conecta, uma iniciativa da UERJ, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, com o apoio da Faperj e do Governo do Estado. Esta iniciativa, capitaneada pela Professora Tatiane Alves, é uma incrível ferramenta a disposição de toda a comunidade, divulgando as mais diversas iniciativas científicas, tecnológicas, sociais e outras, que estão em andamento na Universidade.
A Imagina participou na Edição, Sonorização, Grafismos e Finalização de todos os filmes desta primeira etapa. Gravados sobre fundo de Chromakey, o principal desafio foi o da quantidade, tanto para a gravação, que cansou os atores, como na finalização, que me cansou!!! kkkkk
A plataforma estreará em 02 de Abril de 2024. Obrigado UERJ, obrigado Adolfo, obrigado Professora Tatiane. Longa vida ao projeto, e mais filmes, é claro.
Nasci publicitário. Quando nasci Mamãe trabalhava na Grant Publicidade. A imensa maioria nunca ouviu falar, ignorância, a Grant foi grande: http://www.janelapedia.com.br/index.php/Grant
Foi a Grant também que me sustentou (hehe, meu dinheiro vinha de Mamãe) até eu começar a trabalhar. E, sem nenhuma surpresa, comecei a trabalhar em propaganda. Meu primeiro emprego em agência foi na Artplan, para onde fui ocupar o lugar do Eduardo Martins no estúdio. Já éramos amigos. Godim foi para a CBBA em sua primeira posição como DA, e me deixou gramando no estúdio da Artplan.
Nesta época, final dos anos de 1970, a publicidade era uma profissão de Gentlemans, e tinha exigências muito diferentes das de hoje em dia. Para ser Diretor de Arte, por exemplo, era necessário saber desenhar. Admitia-se que os DA’s não fossem ilustradores, até porque os ilustradores da agência eram Valter Maia e Benício, mas todos eram. E, para ganhar dinheiro como Redator, era necessário saber escrever bem um texto criativo/técnico publicitário. E tinha que sair de dentro da cabeça, pois ainda não tinha sido inventado o microcomputador. Toda a criação saía em layouts marcados com Stabilo e em textos digitados em máquinas de escrever. Sem nenhum computador, sem Google, sem pesquisas de imagem… saía da cabeça e da consulta de revistas e anuários. Também não existia o videocassete VHS. Incrível não é?
Não lembro se já existiam cursos de publicidade nas faculdades, mas isso não importava. A maioria dos profissionais na agência, na criação contava com o talento e vocação para a função. O publicitário é (era) um tipo diferente de profissional… uma pessoa observadora, sensível, capaz de entender, decifrar e codificar o mundo em formatos especiais (30 segundos de um comercial ou as páginas de uma revista). Eram todos artistas, raros, de difícil formação e talvez por isso eram disputados a tapa, não faltavam empregos e bons salários.
A criação era uma elite. Ganhavam bem, vestiam-se bem, tinham coisas caras, moravam bem, era uma elite.
Semana passada eu conversava com o Godim sobre a muito badalada previsão do Sr. Samuel Harris Altman – https://www.marketingaiinstitute.com/blog/sam-altman-ai-agi-marketing
Pois é, lemos e não duvidamos. Tanto fizeram para afastar a atividade do Publicitário da Arte, da Genialidade, do Talento, que agora serão todos substituídos por uma I.A. Parabéns.
Washington Olivetto vem reclamando da desvalorização do Publicitário desde os anos 90 do século passado, mas as coisas aceleraram muito nos últimos anos. O mundo mudou, as agências foram vendidas, os clientes foram vendidos. Hoje estão no controle não mais Fundadores, Inventores e Publicitários mas sim empresários e investidores. Muitos não entendem nada de publicidade e esta coisa de valorização de Publicitários só dá despesa. Praticamente todos os Grandes Publicitários do mundo não estão mais trabalhando em publicidade. A maioria está rica, contando metal, mas sem trabalhar em publicidade. Ultimamente também a onda Woke, que chegou com tudo. Onde a diversidade é mais importante do que tudo. O indivíduo pode nem ser o talentoso e bom Publicitário com o talento necessário, mas tem a diversidade necessária para a equipe.
Disse o Godim: “As agências caíram na besteira de virarem tecnológicas abraçando Google, Facebook, Instagram, Tiktok etc… Fizeram um tremendo esforço para transformar humanas em exatas. E agora, tecnologia por tecnologia, a I.A. faz.”
Eu não poderia concordar mais. As agências, cada vez mais iguais, cada vez mais dirigidas por pessoas que não são publicitárias, cada vez mais sem lideranças, cada vez mais wokadas, sem arte, sem brilho, com profissionais mal pagos (comparando com os salários do passado recente), caminham para virar um programa de computador.
Sem choro nem vela, ainda vão aplaudir, I.A. é o futuro!