Categoria Atendimento e Publicidade

Washington Criador

E a maioria de nós nem sabia que o Washington Olivetto estava internado há 5 meses aqui no Rio de Janeiro. Foi então um susto receber a notícia de sua morte. Soubéssemos nós, estaríamos mais preparados. Morreu jovem, 73 anos, mas ele parecia ter mais idade. Talvez pelo tempo de exposição na mídia, talvez por ter fumado e bebido durante tanto tempo… assustei-me com a sua idade, achei pouco. Não quero morrer com 73 anos, espero viver mais.

Para a minha geração, Washington, foi um mito, o inventor de um tipo de propaganda, agência, profissional, que hoje não existe mais, está obsoleto. Não se encaixa mais no mundo moderno tem muito tempo.

Com o final da II Guerra Mundial, iniciou-se o período de dominação americano do mundo. Antes não era assim. E os americanos desembarcaram no Brasil nos anos de 1950, trazendo suas marcas e suas agências de propaganda. J. W. Thompson, Ogilvy, Grant, McCann Erickson e outras. Estas agências americanas prepararam os profissionais brasileiros, ensinaram tudo, até que de meados para o final dos anos de 1960, um novo tipo de agência apareceu no mercado… As agências nacionais, criadas pelos brasileiros que trabalharam e aprenderam tudo nas americanas. Foi a primeira onda.

Era uma necessidade, pois as contas governamentais e algumas grandes nacionais, precisavam de agências gerenciadas de forma… podemos dizer “menos ortodoxas” do que as gringas. A “conversa” era mais fácil, uma necessidade para as contas de governo, que sempre foram uma grande maracutaia política. Fiquei quase chocado quando na palestra de lançamento de seu livro, aqui no Rio, o P da MPM, o Petrônio, contou como a MPM pegava as contas de governo que teve. Pura política e indicação.
Neste período nasceram as Almap, Salles, Norton, MPM e muitas outras. Foi a segunda onda.

A terceira onda foi inventada no Brasil pelo Washington Olivetto. A agência onde o criativo era a figura de proa do negócio. Antes eram os gringos e depois os Atendimentos. Pela primeira vez o criativo publicitário botou o seu nome na frente e assumido como a parte mais importante do negócio. Não foi fácil nem rápido, mas funcionou muito bem para ele e para os outros grandes que tiveram a oportunidade de seguir o seu caminho, Nizan Guanaes, Fábio Fernandes, Celso Luducca, apenas para nomear alguns.

Na ponta de sua agência, apoiado por seus sócios, pelo mercado e pela mídia, Washington fez muito de tudo. Muitos grandes trabalhos, muitos prêmios, muito dinheiro, virou um personagem de si mesmo. O estereótipo do publicitário genial e bem sucedido.

Estive com ele apenas uma única vez em minha vida, quando o Rynaldo Godim me apresentou no Clube de Ultraleve, quando ele já era um publicitário aposentado em atividade. Achei-o meia dose acima da humanidade em geral, mas isso é normal, o cara já era uma lenda viva.

Esta terceira onda que ele inventou, e que deu tantos frutos, já era. A publicidade mudou demais em todo o mundo e não há mais espaço para um Washington Olivetto em uma agência atual. Não se tem mais a liberdade, não se tem mais o incentivo, não se ganha mais o dinheiro e não se deseja mais um profissional como ele, ou como o Fabinho ou Nizan em uma agência. Hoje 5 grupos de propaganda controlam o mercado mundial e destes 5, 3 são controlados pelas onipresentes Black Rock e Vanguard, que também controlam a maioria dos clientes e a mídia. É quase outro negócio.

Washington foi também uma voz que reparou, foi crítico e reclamou muito sobre os caminhos que a propaganda e publicidade tomou. Mas, muito inteligente, reclamou até a página 1, e depois parou, não adianta brigar ou bater de frente contra interesses tão grandes e mundiais.

Espero que o seu trabalho permaneça como exemplos de boa propaganda, e que os mais novos publicitários sejam estimulados a estudar e compreender este tipo de trabalho que ele realizou. Washington trabalhou e ajudou muita gente durante o seu percurso profissional e pessoal, para todos os seus amigos eu deixo as minhas condolências e espero que eles e sua família, superem este inevitável momento com serenidade.

Existe um outro mundo, e vamos todos para lá. Amém.

Cabeça boa para Computador!

Meus amigos, não estou de bobeira não, não tenho andado parado. Certamente estou com uma velocidade mais adequada a minha idade, mas venho muito embalado, de anos, de modo que ainda produzindo, escrevendo e trabalhando muito.

Não pude ainda postar o último filme que fizemos, o cliente colocou nele um status de segredo comercial. Estou batalhando para dar uso ao meu recém conquistado Mestrado e já preparando-me para o Doutorado. Caminhando devagar, mas sem parar um instante, seria uma boa definição.

Dirigindo hoje pelo lindo dia da cidade, não sei porque comecei a pensar em como eu sempre tive uma afinidade muito grande com os computadores, como é mais fácil para mim entender, sentir e me “relacionar” com eles.

O primeiro computador que apareceu na minha frente foi um TK-82C, aparecido nas mãos do querido e saudoso Eduardo Salícios. Aquela coisinha, quase inútil, ficou rolando nas nossas mãos por um bom tempo. Dudu acabou perdendo o interesse e o bicho acabou ficando comigo, que perdia horas digitando programas no seu Basic, estudando programação para usar na TV em Preto e Branco. Aí começou. Aí já dava para perceber que eu tinha a mão boa para isso, mesmo sem qualquer curso formal. Sempre foram necessários a persistência e o talento, para pensar “como uma máquina pensaria”.

Depois tive um monte destes bichinhos de plástico, como CP400, TK95X, HotBit e outros. Lembro-me que na TV Globo fechamos um contrato com a Itautec, onde personagens iriam usar os computadores em suas cenas. Prontamente fui para SP fazer os cursos e acabei virando o “suporte” destas máquinas quando estavam no estúdio gravando aqui no Rio. Isso muito antes do PROJAC.

Com a mão na massa! Tenho esta camisa até hoje!!!!

Lembrando que eu era Diretor de Arte, antes, artista gráfico, chefe de estúdio gráfico e neste trabalho gráfico não eram usados computadores ainda. O máximo que eu consegui aproveitar este meu talento foi quando eu rapidamente aprendi a usar a IBM Composer na Artplan, livrando-me de muito trabalho na montagem de páginas de anúncios para a Casa Garson… ô saudade. Ninguém do estúdio botava a mão nestas máquinas e sofriam o diabo com isso. Eu pedi para olhar, observei 5 minutos, fiz 3 perguntas e já no dia seguinte usava a IBM melhor do que o profissional contratado para isso.

Entrei de cabeça mesmo nos computadores quando fui trabalhar na Azimuth. Fui como Diretor de Arte, mas também muito rapidamente aprendi a usar os IBMs PC e o sistema Cubicomp, que fazia lá as imagens em 3D. Dali voltei para a TV Globo, para trabalhar como Animador 3D, mas acabei também produzindo muitos programas para a  conexão entre os PC’s e as máquinas UNIX que tínhamos lá na Globograph. Não era o meu trabalho, não era prioridade para ninguém, só para mim, que precisava disso. Novamente, sem nenhum curso ou treinamento, apenas lendo e entendendo, fui com certa facilidade escrevendo toda uma suíte de batchs e shells para fazer arquivos e imagens zanzarem para lá e para cá entre os sistemas, o que revelou-se muito útil e que ficou em uso por muito tempo após a minha saída da empresa.

Na Intervalo, sozinho no início, eu fiz de tudo em hardware e software. Além, é claro, de criar e dirigir as animações e filmes, o que era o meu real trabalho. Lembro-me da cara de espanto do gringo da AT&T Truevision quando viu a minha solução grátis para um problema que os estava incomodando bastante. A Placa TARGA 32 era fabricada para ser encaixada no Slot ISA 16 bits dos computadores, mas ela funcionava perfeitamente nos primeiros IBMs PC-XT que tinham apenas Slots ISA de 8 bits. O problema ocorreu quando começaram a aumentar o Clock dos PC’s, as famosas chavinhas “Turbo” e os computadores passaram a ser vendidos sem Slots de 8 bits. Ao espetar a placa TARGA (Truevision Advanced Raster Graphics Adaptor) em um computador rápido, única opção disponível, o computador “atropelava” a placa e ela simplesmente parava de funcionar. Era uma placa cara, ninguém queria jogar elas fora e nem deixar de comprar os computadores mais novos. Minha solução foi apenas tapar com durex a extensão ISA da placa de 16 Bits, o que a forçava a usar apenas os 8 Bits. Simples demais e esta solução resolveu o problema de muitos usuários da Truevision em todo o mundo.

Outra sacada da qual eu me orgulho até hoje, foi eu ter descoberto sozinho como desbloquear o software TOPAS e Crystal Graphics, o que nos deu uma vantagem muito boa, pois podíamos instalar o software em todas os computadores da produtora, pagando por apenas 1 ou 2 cópias, que eram caras. Deixe-me explicar… estes softwares eram protegidos por Dongles, um acessório que você tinha que plugar na placa paralela Centronics do PC. Sem perceber o Dongle plugado na máquina, o software não rodava. Em uma época sem Internet, sabíamos que existiam versões desbloqueadas e que eram vendidas a um preço ainda maior do que as versões originais, afinal, eram “melhores”. Pois bem, consegui comprar uma versão antiga do TOPAS desbloqueada, de uma versão que nós tínhamos a versão original bloqueada. Comecei disassemblando o software, um trabalho hercúleo e, pensei depois, fadado ao fracasso, pois o fabricante deveria ter protegido de várias maneiras esta maneira, que é a maneira mais clássica de entender e abrir o software. Mesmo após ter conseguido algum progresso neste caminho, após um dia inteiro grudado no computador, desisti e passei a usar outra estratégia. Pensei que se eu conseguisse descobrir onde o programa aberto mexeu no executável, eu teria uma chance muito maior, talvez reduzindo enormemente o trecho do programa que precisaria ser desassemblado. E assim fiz, primeiro tive que usar uma ferramenta que de forma absolutamente precisa e controlada, cuspisse arquivos syncados em ASCII do .EXEC em HEX originais. Não podia ser um arquivo único porque o resultado seria grande demais e intratável pelos PCs da época. Após descobrir na marra qual era o tamanho máximo possível de ser manipulado no computador, fiz com que os arquivos fossem gerados, gravados, medidos, comparados e finalmente, após um processo que levava 18 minutos em um PC 386, recebi um “cuspe”, indicando exatamente onde os programas diferiam. Entre milhares de linhas, apenas dois pequenos trechos faziam diferença. Rapidamente descobri que no primeiro deles, o autor apenas apagou o número de série original do programa. E, no segundo, DB DB FC 0B, bastava trocar o 0B por qualquer outro HEX, e pimba, o programa abria. Nos milhões de HEX do programa, não havia outra sequência igual e isso ficou assim por anos. Fui abrindo todos os TOPAS e Crystal até pararmos de usá-los. Eu tinha um disquete com o programa NU, o Norton Utilities, e abri, cobrando, vários programas por aí, até de concorrentes, pois eu sabia que eles não iriam parar até conseguir e sendo assim, melhor que eu cobrasse por isso. Para este resultado foram necessários 3 dias inteiros dentro da produtora, sem sair nem para comer. É a tal da persistência.

Depois continuei e continuo até hoje, resolvendo pepinos que aparecem diáriamente nos meus computadores. Tem uma coisa que eu adorava, que era integrar nossas SGIs IRIX, com os Windows NT e os Macs. Eu adoro mexer, usar, resolver, brigar, consertar, qualquer coisa com computadores. É para mim um desafio intelectual prazeiroso, não vejo o tempo passar e sou ainda capaz de ficar horas na frente de um computador. Editando, trabalhando, programando e agora, IAzando!!!

Lembrando mais uma vez que pela ordem eu sou Publicitário, Artista Gráfico, Designer, Diretor de Arte, Diretor de Filmes, Jornalista, Professor de História e Historiador, kkkkkk, nunca fiz curso ou tenho qualquer diploma de informática.

Espero que tenham gostado de ler, tenho mais um monte de histórias destas!

I.A. para Vanja!

Não, ainda não recriamos Vanja Orico usando inteligência artificial, mas fui acionado pelo Diretor Adolfo Rosenthal para criar imagens para o documentário que ele acabou de produzir sobre a vida de sua mãe.

Vanja Orico foi um dos maiores ícones de afirmação da cultura brasileira, com destaque nacional e internacional no cinema, na música e na moda. Falecida em 2015,  Vanja Orico completaria 95 anos em 2024. Única brasileira a estrelar um filme de Frederico Fellini, se destacou mundialmente no papel de uma ciganinha que cantava a música “Meu limão, meu limoeiro” em “Mulheres e Luzes”. Ao protagonizar “O Cangaceiro”, primeiro filme brasileiro com repercussão mundial, foi premiada no festival de Cannes de 1953. Ficou conhecida como a eterna Musa do Cangaço. Cantou os sucessos “Mulé Rendeira” e “Sodade, meu bem Sodade”, projetando a música brasileira de raiz para o mundo, fazendo turnês por toda a Europa e Americas.

Usei basicamente o Runway Gen2 para criar imagens históricas requeridas pelo roteiro e novamente a tecnologia de I.A. mostrou que ainda está iniciante, com muitos problemas e dificuldades no processo. As imagens de teste ficaram muito promissoras, mas quando fomos produzir, confiantes de que poderíamos resolver e superar os problemas, vimos que a tecnologia ainda é muito imperfeita e uma grande quantidade de VFX tradicional teve que ser aplicada para tornar o resultado aceitável. Adobe After Effects e Final Cut, com filtros e efeitos. Além disso, as novas capacidades de retoque usando I.A. do Adobe Photoshop foram utilizadas para retoques outras do MidJourney para upscales.

Todo o processo não deixa de ser incrível e o progresso que tivemos em um ano foi enorme. Não é difícil imaginar que em poucos anos tudo evolua ainda mais para permitir a criação de imagens realistas o suficiente para dispensar a gravação de imagens ao vivo. Parece loucura? E é.

Vamos aguardar o lançamento do documentário para ver o nosso trabalho montado na edição. Deve ter ficado lindo, o Adolfo é um grande diretor e a história de sua mãe é incrivelmente rica. Enquanto isso eu e a Imagina vamos desenvolvendo nossas capacidades de produção usando as ferramentas de I.A. Este é o segundo trabalho, com o primeiro sendo este aqui. Também já escrevi sobre I.A, aqui e aqui.

Mestre!

Ontem, 3 de maio de 2024, finalmente apresentei minha Dissertação de Mestrado e obtive a aprovação da Banca. E, após um processo que revelou-se mais difícil do que eu imaginava, tornei-me Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Eu inicialmente pensei que seria moleza, mas as aulas obrigatórias, o processo de pesquisa, o fato de eu ter completado a primeira parte do mestrado cuidando de Mamãe enferma, tudo somado, tornaram esta conquista trabalhosa. Melhor, o gostinho fica mais legal no final.

Dissertei sobre um assunto que vivi, Design e Computação Gráfica para Televisão, um tema academicamente com poucos trabalhos e o meu excesso de assunto foi também difícil de focar. Meu anteprojeto apresentado no início de tudo para a PUC tratava da “CGI na Via Láctea” e com a ajuda da minha então orientadora Professora Rejane Spitz, que me ensinou o que é uma pesquisa de mestrado, foi recortado até o seu formato final. Infelizmente a professora não pode permanecer até o fim e assumiu-me a Professora Roberta Portas, que brilhantemente também orientou-me na formatação e estruturação da dissertação. Deu trabalho.

Uma pena mamãe não ter resistido até o fim, seria mais uma alegria para ela que tanto se esforçou para que seus filhos estudassem muito. Taí, seus dois filhos são mestres e Maria Inês com dupla graduação.

Recebendo a “Sentença”.

Em minha primeira lista de agradecimentos eu agradeço minhas orientadoras, a PUC-Rio e o CNPq, a Banca de Exame, composta pelos Professores Gabriel Cruz e Luíza Novaes, a TV Globo, José Dias, Hans Donner e Luiz Velho, a todos os companheiros que responderam meu questionário de pesquisa.

Em minha segunda lista, que apresentei na defesa, agradeço também aos meus amigos Sonia Reese, Mário Nakamura, Adolfo Rosenthal, Maria José Rodrigues e Arcanjo Magaldi por todo apoio, paciência e compreensão. Aos meus pais (in memoriam), pela educação, atenção e carinho de todas as horas. As minhas filhas Júlia e Joana e minha irmã Maria Inês por todo apoio, carinho e amor. A Chris Carvalho, minha namorada. Aos meus colegas da PUC-Rio.
A todos os professores e funcionários do Departamento, especialmente ao Romário, pelos ensinamentos e pela ajuda. A todos os amigos e familiares que de uma forma ou de outra me estimularam ou me ajudaram.

O Mestre, Chris e minha filha Júlia. Esta vez Joana não pode ir, tinha prova de cálculo na faculdade.

Agora que acabou, posso dizer que foi uma jornada legal e que espero ter contribuído para a ciência e para a CGI brasileira com mais este trabalho, que se soma aos trabalhos sobre o mesmo tema que concluí em minha graduação e licenciatura em História. Espero ter forças e paciência para um Doutorado, e inspiração para criar uma Tese que mereça este trabalhão que vai dar.

No final, sempre vale a pena. Como diria o filósofo, se fosse fácil, não seria difícil. Amém.

Bate Coração

Dirigidos por Aline Miranda, realizamos 5 filmes para o Atelier Schiper. Esta joalheria irá completar 25 anos e para o próximo dia das mães criou uma jóia linda, chamada de Bate Coração. Em uma ação incrível, combinou com a Dra. Rosa Célia, fundadora do Pró-Criança Cardíaca, que 10% do valor das vendas desta jóia, serão destinados para esta ONG. Incrível não é?

Obrigado Aline pela oportunidade, parabéns Aline Schiper e Alessandra Schiper pela beleza da jóia e da ação em benefício do coração das crianças!

Atelier Schiper

Fundação Pró-Criança Cardíaca

Confira um dos filmes clicando em https://www.instagram.com/p/C6bUZdMuNFC/